Jesus Kid Nacional Online
Eugênio é um escritor de faroestes em dificuldades. Seu personagem mais famoso, Jesus Kid, está sendo um fracasso de vendas. Ele parece ter encontrado sua salvação quando é contratado para escrever o roteiro de um filme.
Encerrando a mostra competitiva de longas-metragens brasileiros do 49º Festival de Cinema de Gramado, a comédia “Jesus Kid” usa fórmula parecida com o postulante (e quando esse texto for ao ar, já sabemos, vencedor) “Carro Rei“. Adaptando história de Lourenço Mutarelli, a união com Aly Muritiba é uma confluência de talentos muito bem-vinda ao audiovisual brasileiro. Entretanto, o filme acaba indo pelo caminho da crítica política alegórica, com situações, representações e palavras colocadas de forma estratégica para um desbunde que nunca se consolida. Soa preguiçoso para quem gosta e acompanha o cinema do país e um pouco ininteligível para o espectador oriundo de uma possível formação de plateia.
Não que essa tática não permita um grande resultado enquanto história. Até porque, se há algo que a obra aqui não pode ser acusada de ser é pouco divertida ou uma experiência negativa. Todavia, as construções de mensagens não soam orgânicas, parece que estamos diante de uma releitura de um clássico sob o olhar contemporâneo. E se há algo muito contemporâneo em nosso meio artístico hoje são os discursos pelo fazer de Mutarelli e Muritiba. Se pensarmos em um exemplo irretocável nesse sentido, “Voltei!” (2021), que Ary Rosa e Glenda Nicácio apresentaram na 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes no início do ano, os cacos de sátira política que aparecem no filme de ambiente único se colocam a favor da narrativa.
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